Carta a um ministro em desespero de causa
Exmo. Sr. Crato (porque de ministro tem muito pouco)
Na qualidade de cidadã deste país, dirijo-me à sua pessoa na suposta qualidade de ministro, face aos acontecimentos que têm tendência a se perpetuar há-de eterno, para lhe oferecer os meus préstimos em sistema de voluntariado, porque como professora assalariada já vi que não tenho futuro nem colocação. Assim sendo, e na eminência de ver as futuras gerações deste país a serem prejudicadas na sua aquisição de conhecimentos e adquirirem valores incorretos que são transmitidos pela má postura e prestação do seu ministério, venho por este meio oferecer o meu contributo para ser resolvido em 48h os problemas das listas de colocação dos professores e funcionários nas escolas. Poderá pensar que é demasiada arrogância e prepotência da minha parte, mas asseguro-lhe que não, dado que por vezes quem está de fora vê as coisas de outra maneira e constata de uma forma mais clara aquilo que é óbvio e correto.
A burocracia tornou-se de tal forma densa que V. Exa. se deve ter perdido algures entre a Prova dos professores e a elaboração das Listas de colocação de professores. É compreensível dado que são demasiadas listagens para “picar” e dados para cruzar, e os sistemas informáticos dos serviços públicos ou plantaformas como correntemente lhe chamam, segundo consta, andam todos a dar as últimas nas atualizações.
Bom o melhor será o Sr. Ministro enquanto não resolve esta grande embrulhada mandar os professores que estão a trabalhar no ministério para as escolas taparem os buracos deixados pela falta de professores. Sim, porque a matéria eles sabem de cor pois são eles que elaboram e aprovam as novas metas curriculares, e já vimos que a tratarem de listas de colocação de professores são uma nulidade. Penso que o problema do seu ministério é que a maioria dos docentes que lá exercem funções sofrem do princípio de Peter, para quem não sabe em traços gerais baseia-se no fato em que as pessoas são promovidas até atingirem o seu grau de incompetência.
Pode até alegar que é totalmente impossível calcular a quantidade de professores que vão ser necessários colocar e em que escolas sem o início do ano letivo e aberturas de escolas. Eu até posso perceber que a logística é complicada, mas se o ministério tiver feito bem o seu trabalho com certeza que em 24 horas o problema é resolvido, porque professores em bolsa à espera de uma oportunidade para trabalharem não deve faltar e a solução está ao alcance de uma chamada telefónica para esses mesmos docentes.
E já agora… Não acha que se mantiver os docentes sempre no mesmo estabelecimento de ensino e não os andar a fazer saltitar de um lado para o outro traria alguma tranquilidade e agilidade em todo este processo?
Não consigo perceber… Se determinada escola tem falta de um professor num ano e no ano seguinte continua com falta de um professor porque raio se tira o professor que já lá estava. Não era mais fácil mantê-lo lá e tratar só das situações e falta de docentes por motivo de reforma, atestado prolongado, falecimento e/ou outros motivos que são alheios à vontade do seu ministério e dos docentes?
Porque é que não se faz apenas um concurso público para colocação dos professores efetivos dado que existem vagas disponíveis e se cria uma bolsa de professores que seria atualizada todos os anos para colmatar as falhas que poderiam existir? Compreendo que a nível de custos um professor efetivo é mais caro que um contratado, mas com a logística e o tempo que se gasta e se continua a gastar neste processo com certeza que compensava mais a contratação efetiva para os lugares vagos e assim não se criavam falsas esperanças aos professores.
É tudo muito complexo eu sei, mas então vamos lá a “descomplexar”…
Agradecendo desde já a sua compreensão, aguardarei uma resposta positiva da sua parte.
Susana Lionço
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