POEMA
COMIGO ME DESAVIM
Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
Com dor da gente fugia,
Antes que esta assi crecesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?
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Para ouvir o poema!
Chegamos enfim aos mais famosos versos do poeta português Francisco Sá de Miranda, inscritos na cantiga que começa com as palavras “Comigo me desavim”, isto é, comigo me desentendi. Como viveu entre fins do século XV e meados do XVI, o poeta foi contemporâneo de Camões, ao menos durante a juventude do autor d’ “Os Lusíadas”. E naturalmente, a imensa fama de Camões ofuscou bastante Sá de Miranda, embora o primor da trova que apresentaremos a seguir seja reconhecido unanimemente. Não se trata apenas de métrica, isto é, de sua fluente e musical cadência. Existe também a visão interior, pois o poeta se percebe duplo, antagônico, contraditório.
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POESIAS – FRANCISCO SÁ DE MIRANDA
de Francisco Sá de Miranda.
edição: Angelus Novus, setembro de 2011 ‧ isbn: 9789728827823
SINOPSE
Desde o século XIX, na expressão de Almeida Garrett, que é assegurada a Francisco Sá de Miranda a honra de “pai da poesia portuguesa”. Responsável pela introdução de novas formas e novo metro na poesia portuguesa, o poeta quinhentista escreveu vilancetes, cantigas, esparsas, glosas e formas novas como o soneto e a sextina. A presente antologia pretende resgatar das malhas do tempo o autor renascentista ímpar e o seu trabalho poético comprometido com um tempo passado, mas que permanece vivo no presente, capaz de deleitar e instruir.