Todos os profissionais de educação em alguma altura da sua vida ouviram falar em ética profissional e na importância do ser professor; contudo, é de lamentar que alguns elementos tenham pela sua conduta e postura denegrido ao longo dos tempos a imagem do professor / educador.
Já lá vai o tempo em que nas comunidades as pessoas mais importantes eram o Sr. Presidente da Junta, o Sr. Padre e o Sr.(a) Professor(a). Eram pessoas a quem se recorria para conselhos e orientação na vida e havia um empenho por estes em ajudar sem esperar nenhum benefício em troca. Quantas vezes os professores tiravam do seu vencimento para adquirir o material necessário para os seus alunos e por vezes até para auxiliar os seus alunos nas necessidades mais básicas… Podem dizer que tal ideia nos dias de hoje não passa de uma utopia e de uma quimera tola!… Será?…
Ser professor!… O que é hoje? Uma profissão como qualquer outra? Um curso superior que dá acesso a uma profissionalização que tem de ser bem pago? Quando entrei para a Escola Superior de Educação a primeira coisa que me disseram foi: se querem uma profissão bem paga, reconhecimento social e prestígio desenganem-se porque entraram para o curso errado. E de fato, o tempo mostrou-me que o ser professor não tem a ver com o vencimento que recebo ou com as palmadinhas nas costas por parte do Ministério da Educação ou da direção de escola. Claro que todos gostávamos de ser ricos e de ver reconhecido o nosso valor de uma forma monetária através da nossa profissão, mas sejamos realistas… Podem dizer vamos viver lutando por isso, podem até fazer greves, baixo assinados, invasões ao Ministério da Educação e concentrar todas as vossas energias a lutar pelo direito de ter um lugar ao sol, de poder viver em vez de sobreviver… É de fato um direito que nos é devido como profissionais com formação superior mas… e o ser professor?
Ser professor… O lidar com as dificuldades dos alunos, queimar pestanas a pensar em estratégias para motivar os alunos que revelam pouca predisposição para a aprendizagem e aquisição de conhecimentos da forma institucionalizada e passar horas a ler e a pesquisar novas pedagogias e formas de melhorar o nosso método de ensino. E ao final de uns meses de tentativas falhadas com determinado aluno um belo dia ele nos surpreender mostrando que o nosso esforço não foi de todo em vão… Aí sim a sensação realização profissional supera qualquer vontade de ter uma profissão bem paga, reconhecimento social e prestígio. Porque isso, meus senhores e senhoras… Isso sim!… É o objetivo de ser professor!…
Eu acredito que a melhor forma de obter uma profissão bem paga, reconhecimento social e prestígio, é mostrar que como profissionais da educação somos capazes de fazer algo que nunca foi feito: diminuir o insucesso escolar, contribuir para formar futuros ativos profissionais responsáveis e empenhados em contribuir positivamente para o desenvolvimento do nosso país e fomentar e contribuir para uma escola mais sustentável…
Chamem-me sonhadora, chamem-lhe loucura, quimera ou até utopia, mas se não se importarem vou viver lutando por isso… Posso até fazer greves, baixo assinados, invasões ao Ministério da Educação e concentrar todas as minhas energias a lutar pelo direito de ver o fruto do meu trabalho estampado nas gerações futuras!… E ao chegar ao fim poder dizer… Eu fiz a diferença!…
Susana Lionço
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