LENDA
A PRINCESA E O PASTOR
Conta a lenda que há muitos, muitos anos, no lugar onde hoje fica a freguesia das Sete Cidades, existia um grande reino onde vivia uma jovem princesa de olhos azuis, muito bela e bondosa. A princesa gostava muito da vida no campo e uma das suas actividades favoritas era passear pelos campos, sentindo o cheiro das flores, molhando os pés nas ribeiras ou apenas apreciando a beleza dos montes e vales que rodeavam o reino.
Um dia, durante um dos seus longos passeios, a jovem princesa passou por um prado onde pastava um rebanho. Ali perto, tomando conta do seu rebanho, estava um simpático pastor de olhos verdes, com quem a princesa decidiu conversar.
A princesa e o pastor falaram muito. Falaram dos animais, das flores, do tempo e de todas as coisas simples e belas que os rodeavam. Depois deste dia, os dois passaram a encontrar-se todos os dias para conversar.
Os dias e as semanas foram passando, e a princesa e o pastor encontravam-se todos os dias no mesmo lugar onde se tinham conhecido. Com o passar do tempo foram-se apaixonando e acabaram por trocar juras de amor eterno.
Mas a notícia dos encontros da princesa com o pastor acabaram por chegar aos ouvidos do rei, que não ficou nada satisfeito. Queria ver a sua filha casada com um príncipe de um dos reinos vizinhos e, por isso, proibiu-a de voltar a ver o pastor.
Por respeito ao pai, a princesa aceitou esta cruel decisão, mas pediu-lhe que a deixasse ir mais uma vez ao encontro do pastor para se poder despedir dele. Sensibilizado, o rei disse-lhe que sim.
A princesa e o pastor encontraram-se pela última vez nos verdes campos onde se conheceram… Mais uma vez, passaram o tempo a falar longamente sobre o seu amor e igualmente sobre a sua separação. Enquanto conversavam choravam também. E choravam tanto que as lágrimas dos olhos azuis da princesa correram pelo vale e formaram a lagoa azul; já as lágrimas dos olhos verdes do pastor caíram com tanta intensidade que formaram a lagoa de água verde.
Por fim, os dois amados despediram-se e as lágrimas choradas pela sua separação formaram duas lagoas que ficaram para sempre juntas – tal como os dois enamorados, nunca se poderiam unir, mas também nunca se iriam separar.
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LENDAS DOS AÇORES
de José Viale Moutinho e Maurício Abreu.
edição: Esfera do Caos, fevereiro de 2007 ‧ isbn: 9789898025210
SINOPSE
Nos Açores, tantas lendas quantas aventuras que têm durado séculos no imaginário das pessoas. Em cada concelho há para contar um misto de história e ficção que se foi enriquecendo com o passar dos tempos.
Com belíssimas imagens de Maurício Abreu, ilustrando os textos, este é o primeiro volume de uma colecção que vai trazer à luz do dia aquilo que a tradição e a memória lendária de cada uma das regiões de Portugal tem para nos contar. Deixemo-nos seduzir pela pena de José Viale Moutinho. Recordemos o que não deve ser esquecido.