Lançamento do novo livro de Paulo Jorge Pereira, “Murro no Estômago”
Depois de “Filhos da Primavera Árabe”, Paulo Jorge Pereira, prepara-se para lançar o seu próximo livro. Será já no próximo dia 19, segunda-feira, que “Murro no Estômago” será publicado pela editora 2020 (chancela Influência). Falámos com o autor do livro e pedimos que nos apresentasse o seu mais recente trabalho.
“Todos os anos, a violência doméstica atinge e mata dezenas de mulheres em Portugal. Não é um fenómeno recente e, apesar dos esforços desenvolvidos por diferentes entidades, desde sucessivos governos até entidades não-governamentais, a situação mantém-se. É preciso que, mais do que condenar de forma veemente, a sociedade atue em bloco para denunciar e punir quem pratica atos tão hediondos, mas desde logo para educar, a começar na infância, cada um de nós de forma a que se valorizem a afetividade, a igualdade e o respeito pelo próximo.
“Murro no Estômago”, que reúne histórias de vítimas/ sobreviventes de violência doméstica, com identidades protegidas por questões de segurança, foi escrito para lhes dar voz e mostrar a todos nós aquilo que se passa no dia a dia perante a indiferença de tanta gente. Mas também lá estão as experiências de muitos que se empenham no combate a este flagelo em diferentes papéis para que possamos perceber o esforço que tantos têm feito para acabar com a violência doméstica.
Deixo aqui um excerto da história de Alice (nome fictício), de modo a que avaliem um pouco daquilo que sofre uma vítima e da coragem que é necessário ter para sobreviver.
«Quero contar-vos a minha história para que mais ninguém tenha medo de contar a sua. Para que mais ninguém sofra. Para que não haja mais mulheres agredidas, espancadas, humilhadas, arrastadas do seu espaço, do seu conforto, das suas casas, das suas famílias, dos seus direitos. Para que, de uma vez por todas, a sociedade perceba que não basta ter pena, encolher os ombros e seguir em frente. Que precisamos de ajuda. Que não somos bonecas que se atiram fora e se desprezam, nem merecemos a raiva daqueles que se fartam de dizer que nos amam e depois só têm atos de brutalidade e selvajaria, como, por exemplo, me aconteceu quando eu estava grávida de 7 meses. Ele ia a fumar dentro do carro, como se as meninas não estivessem lá, e como eu o chamei a atenção, abriu a porta do carro, empurrou-me, caí do carro em andamento, e ele, com um tom que não se dirige a ninguém, muito menos a uma pessoa de quem se gosta, gritou: “Devias morrer, tu e essa coisa que trazes dentro de ti!” Como é que situações destas podem acontecer? “Essa coisa” era a filha dele! Como é que alguém assim pode ser gente, pode ser humano? Como é que se trata outra pessoa desta maneira? Sim… já estou a chorar e isso vai acontecer mais vezes, à medida que for contando e lembrando o que me aconteceu. No dia em que as lágrimas deixarem de correr é sinal de que terei superado tudo. Mas não sei se alguma vez serei capaz disso.»”
Esta é apenas uma pequena amostra de uma história contada na primeira pessoa. Um relato forte e muito duro, capaz de sensibilizar qualquer um. É triste, mas ainda acontece e muito nos dias de hoje. Este tema sensível é aqui abordado e podemos testemunhar vários exemplos de coragem.
Um livro a não perder!
Filipa Cordeiro C.
SOBRE O AUTOR DO LIVRO
Paulo Jorge Pereira nasceu a 13 de agosto de 1970, em Lisboa. Licenciado em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa, a paixão pelo Jornalismo levou-o a trabalhar, a partir de 1992, em jornais como A Bola, Record, Diário Económico e Jornal Económico. Em 2017 trabalhou no Sindicato dos Jornalistas e publicou o romance “Filhos da Primavera Árabe“, (Ego Editora). De janeiro de 2018 a maio de 2019, foi chefe de redação do semanário Contacto, jornal português no Luxemburgo.
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