Apelo a todos os Portugueses


Foi-me proposto escrever um artigo todas as quartas-feiras para publicar. E eu aceitei!

Para quem escreve e gosta de escrever, sabe como é bom e interessante fazê-lo. É-nos dado um tema, ou escolhemos algum, e depois vamos lá passar para o “papel” tudo aquilo que nos vai na alma.

Foi no dia 26 de fevereiro que escrevi o meu primeiro artigo, sobre a quarta-feira de cinzas. Correu bem, apesar da ansiedade de ser o primeiro.

Na semana seguinte, dia 4 de março, escrevi sobre o novo coronavírus, tema da atualidade. Nessa mesma quarta-feira, já existiam no mundo 92 880 casos e 3 168 mortes. Em Portugal, ainda muito no início, contávamos 5 casos. Nesse mesmo dia, foi publicado no Diário da República um despacho que permite que todos os cidadãos residentes em território nacional, no ano civil em que perfaçam 18 anos, possam visitar gratuitamente museus, palácios e teatros nacionais, a iniciar a 1 de abril deste ano.

Sendo uma iniciativa bastante interessante, passada uma semana, preparava-me para escrever sobre este tema, para poder promover e divulgar entre os jovens este acesso gratuito à cultura. No entanto, ao ver as imagens do que se passava em Itália e no mundo, era inevitável voltar a falar do coronavírus COVID-19. Decidi fazer uma pesquisa, e com surpresa verifiquei que o dia 11 de março está associado a várias calamidades em anos anteriores que marcaram a história mundial. Mal sabia eu que tinha tomado tal decisão no dia em que é declarada pandemia mundial. Nessa mesma noite, ainda atualizei o artigo com essa nota. E assim, dia 11 de Março, ficou mais uma vez assinalado pelas piores razões, desta vez no ano que decorre, 2020.

Hoje, dia 18, uma semana depois, já decidi que o artigo acerca do despacho sobre a gratuidade nos museus, palácios e teatros será escrito daqui a tempo indeterminado. Neste momento, sem contar com o recurso da internet, a parte cultural e social está suspensa e cancelada, e por isso vou escrever mais uma vez sobre este maldito vírus.

(Aproveito para saudar as formas criativas com que artistas procuram dar continuidade aos espetáculos, de música, teatro, e não só, através das redes sociais).

Mas, desta vez, não vou ter como base, um artigo documentado com factos e/ou informação. Hoje, escrevo na primeira pessoa o que me vai na alma, a apelar a todos os portugueses pelo seu bom senso e responsabilidade cívica.

Sou mulher, mãe, filha, amiga, sobrinha, madrinha, afilhada, prima, colega e cidadã! Tenho direitos e deveres, mas também tenho medos, incertezas, dúvidas e angústias, como todos nós nesta situação tão nova para todos! Temos deveres, e por isso apelo a quem ainda não percebeu a dimensão do que está a acontecer, fiquem em casa!

Sinto que estamos a viver um filme… É como se existisse uma guerra ou uma conspiração contra a raça humana, no qual todos os dias crescem sentimentos novos associados à grande incerteza do que aí vem.

Sou otimista por natureza, gosto de colocar cor em tudo, mas juro: nunca pensei passar por algo deste género. Nunca pensei poder perder a liberdade de sair à rua e de vir apelar de forma pública a que todos o façam também! Já chega os que não têm escolha, e os que são mesmo precisos para nos ajudar a travar esta luta. Pensem como deve ser doloroso o voltar a casa, sem saber se “vêm sozinhos”, sem saber se levam o inimigo para junto dos que mais amam.

Parece que temos agora à solta, o “papão” que os nossos pais nos falavam em crianças. Não o víamos, mas respeitávamos porque existia o medo que ele aparecesse para nos comer! Passados tantos anos, parece que ele existe mesmo, parece que é real, e que pode estar em qualquer parte do mundo para nos atormentar! Por falar nos nossos pais, era impensável que tantos anos depois, teríamos de ser nós, os filhos, a proibir os nossos pais de sair de casa. São eles a faixa etária de maior risco, e vejo-os em negação, a darem a desculpa que têm de ir ao pão, quando até têm pão congelado em casa! Imagino que seja estranho para eles, sermos nós a pedir para ficarem em casa, mas estamos todos preocupados com a sua saúde!!! Isto é grave, muito grave!

Estamos TODOS JUNTOS, e por isso vos apelo, por vocês, pelos vossos e por todos os outros, FIQUEM EM CASA!

Reconheço que para o governo, dia após dia, não esteja a ser fácil gerir os números, as consequências e os recursos que temos, mas espero que hoje se tomem mais medidas preventivas importantes e decisivas para travar esta rápida propagação! Se de forma livre e espontânea ainda não foi possível fazê-lo, e se medidas mais duras e severas aí vierem, pois bem, entenda-se que são necessárias!!!

Por isso peço a todos, resguardem-se, sejam criativos e reinventem novas rotinas, mas em casa junto dos que mais amam! Sei que não é fácil! Por aqui, já vou no sexto dia de isolamento voluntário, é mesmo muito desafiante! Mas é possível, é um bom exercício, vai trazer muita aprendizagem, vai desenvolver novas competências e está a aflorar valores, para termos uma maior consciência do que é ou não essencial. Acredito que depois de tudo isto, seremos ainda maiores, mais fortes e com melhores corações.

Aproveitem para pôr em ordem tudo aquilo que queriam, mas que antes não tinham tempo. Leiam aquele livro, que vos foi oferecido naquele aniversário, atualizem e organizem o milhão de fotos tiradas que armazenaram nos últimos anos, explorem ao máximo as novas tecnologias que têm, façam pesquisas, tenham ideias, criem projetos novos, descubram talentos, vejam séries e filmes, escrevam um livro ou um diário, desenhem, inventem receitas… Enfim, tanta, mas tanta coisa para fazer para um bem maior. Reconquistar a nossa liberdade social!

Nós vamos fazer parte da história, a pandemia mundial ocorrida em 2020 já virá nos livros da escola dos nossos filhos, já temos uma história para contar aos nossos netos. Agora só depende de nós, o tempo que ela vai durar! Vamos ser conscientes, respeitadores e fazer o que está ao nosso alcance, que é FICAR EM CASA!

OBRIGADA, VAMOS FICAR TODOS BEM!!!

 

Filipa Cordeiro C.

 


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